O termo história ao decorrer dos
tempos, foi se modificando e adquirindo novos conceitos, assimilando valores
significativos, conforme cada domínio ideológico em épocas distintas.
Todavia,
sua etimologia origina-se do grego antigo em junção a linguagem do indo-europeu
de raiz, onde o histor: refere se aquele que vê, como testemunha, e historein
será aquele que sabe ou busca informar se; portanto histoire
remeterá ao indivíduo que observa ao seu derredor, testemunhando das
complexidades da vivência humana, buscará apreender destes acontecimentos
oculares para trazer-lhe alguma explicação.
A História é dívida em dois
sentidos:
1- A
história acontecimento ou dos fatos: é o
conjunto de ações do ser humano que ocorreram no passado. O homem é visto como
ser social vivendo em sociedade, ou seja, é a história do processo de
transformações das sociedades humanas, desde o seu aparecimento na terra até os
dias atuais. Tais acontecimentos factuais não podem ser contextualizados nem
explicados por si só.
2- A história conhecimento: é o
conjunto de fatos ou narrativas transcorridas de um processo histórico, que
através do saber científico poder-se-á trazer contextualização e explicação para
compreendermos o valor de cada acontecimento. Portanto, o conhecimento historiográfico
(escritas, pesquisas e leituras produzidas pela História como ciência) com o
auxílio de outras áreas cientificistas, nos conduzirá ao entendimento das
realidades vivenciadas, no decorrer de suas transformações, das rupturas e
continuidades, e o desempenho do sujeito homem atuante como agente histórico.
No entanto, cada sentido do termo
história estarão interligados para se complementarem através das teorias, que são
explicações documentadas produzidas por pensadores em seu tempo (exemplos disso
são os historiadores clássicos, Heródoto e Tucídides, considerados os pioneiros
da produção de elucidações concretas já registradas, que através da
“sensibilidade social” foram influenciados pelo período em que viveram, como
testemunhas oculares, conceitualizaram o termo “História”. Então, para que os
acontecimentos decorrentes em cada época do passado/presente não se submetam
em ganhar valor apenas como “narrativas factuais”, é necessário o olhar
contextualizador da historiografia cientifica, que condicionará os conceitos
históricos a angariarem uma “função social”.
Assim, a função
social da História é de fornecer à sociedade uma explicação genética de
suas origens, tendo como essência as transformações ocorridas no tempo. Para
Mark Bloch, um historiador de caráter mais emblemático, de nossa
contemporaneidade, teoriza a História como “A ciência do passado”, “A ciência
dos homens no tempo”, ou seja, a ciência histórica incute um dinamismo cíclico
e encíclico, do qual abrange estudar o aparecimento e o percurso das pessoas, seus relacionamentos com
o meio em que vivem e com os outros, sempre em exercício da atividade humana sócio-natural.
A História é a ciência
social que busca estudar e compreender de forma racional os processos
históricos que vivenciaram os homens antigos, medievos, modernos, e nós
enquanto homens produtores da historiografia do presente; devemos refletir e
questionar em todas as complexidades que transcenderam pelo tempo e que se
reciclaram como conceitos pragmáticos. Ao longo dos séculos, a história servia
como legitimação de uma ordem vigente, por essa razão, foram surgindo inúmeras
vertentes que pontuaram seu olhar sobre os fatos e produziram seus entendimentos
sob esta.
Temos
o viés da História Cristã (de caráter mais religioso e conservador); os
pensadores clássicos, que registravam uma historiografia mais dialética,
filosófica e com uma pitada de racionalidade, apesar do termo história não
existir propriamente; os pensadores renascentistas que romantizaram a história,
resgataram os idealismos ufanistas, os exageros nas fabricações de inúmeros
templos, casarões, castelos, bastilhas; o culto ao belo e ao perfeito,
centralizando um homem de aspirações econômicas elevadas como “ a medida de
todas as coisas”, o único herói agente historicista, excluindo os menos
afortunados dessa lógica humanista da historiografia que perdurou a séculos. Há
também os historiadores do Positivismo francês, que conseguiram enquadrar a
história numa lógica de ciência pré-estabelecida, através de experiências
epistemológicas, dada da observação do objeto e de seus registros com
objetividade. Foi nessa época, meados do século XIX, que se deu inicio a produção
de História que buscava comprovar os fatos estudados (com neutralidade, isto é,
sem intervenções subjetivas) a veracidade dos documentos, onde o historiador
metódico positivista, realizava com auxílio de áreas como a
paleontologia e a arqueologia,sociologia,antropologia entre outras; escritos objetivos, com a intencionalidade de
fazer existir apenas uma visão das coisas passadas, isto é, somente “uma verdade” do
passado. Na historiografia do Positivismo, a veracidade documental sempre
enaltecia os feitos elitistas, de uma sociedade que estava vivenciado o
surgimento de inúmeros estados nacionalistas. Entretanto, foram eles os
primeiros a conquistarem um espaço no âmbito acadêmico, para que finalmente a
história fosse também vislumbrada como ciência.
Todavia,
foram com os historiadores da Escola (francesa) dos Annales (século XX) onde a
História ganhou outro patamar. Eles tinham uma visão mais inovadora do como
realizar a produção historiográfica. Para os historiadores Annales, a história
estava muito além de narrar fatos, ou buscar a veracidade nos documentos. Os
acontecimentos históricos necessitam de interpretação, não se pode considerar um só tipo de objeto como fonte, tudo é válido como documento: vestígios, diários, escritos
antigos, bula de remédio, cartas, até mesmo a cultura oral, ou seja, costumes transferidos através do código de linguagem em um determinado grupo; tais documentos históricos deverão ser
usados como fontes para contextualização, com o objetivo de compreender o
passado. Não era de preocupação desses pensadores buscarem por “uma só verdade
histórica, mas de produzirem história que enfoque no problema, nos
sujeitos, nas transformações fluídas num período, fruto das relações humanas.
Foi a partir de então, que as pesquisas históricas incorporaram outras
dimensões temáticas, e uma notável flexibilidade em abordar assuntos rotulados
num tabu conservador, como a cultura, sexualidade, mentalidade, as doenças
psíquicas, representatividade, etc, enxertando nos trabalhos de História um
caráter mais interdisciplinar, uma historiografia que não se sujeita apenas por
um contingente de pessoas, porém, todos somos agentes do passados,
protagonistas do presente e interventores de um futuro.
Pode
se reiterar dizendo que a História é a ciência que
estuda, através de fontes materiais e imateriais, o passado das sociedades e
suas complexas transformações ao longo do tempo; e saber pensar historicamente
como se desenrolou cada acontecimento, suas rupturas, e continuidades que
perpassaram pelo processo, ganharam outras roupagens e que cristalizam,
inúmeras vezes, as mesmas situações errôneas. O conhecimento histórico
serve para nós compreendermos o nosso presente e lançar probabilidades para o
futuro. O saber histórico escolar contribui para a formação de valores, dos quais
os indivíduos aprendem a exercitar sua cidadania plena; adquirem outras formas
de leitura de mundo, obtendo uma visão mais crítica e abrangente do ser humano em sua totalidade.
Alguns conceitos importantes
no estudo sobre História:
ü Linha do tempo: demarcações históricas dissolvidas em
eras, determinadas por pensadores europeus através de convenções;
ü Processo histórico: é constituído de fatos, acontecimentos
transcorridos no tempo, fenômenos produzidos da relação do homem com a natureza
(natural) e com outros indivíduos (social);
ü Documentos históricos: Tudo que é produzido ou
registrado pelo homem;
ü Evolução social: atuação do homem em sociedade, podendo ser
de forma individual ou coletiva, desenvolvendo conceitos ideológicos de cunho
político, econômico, social e cultural;
ü A teoria na História: Está ligada a interpretação
científica dos fatos relatados, ou seja, é um conjunto de conhecimentos que
fornecem uma visão explicativa da realidade dos acontecimentos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
RIBEIRO, Jonatas Roque.
Educação em Foco. 7. Ed. Campinas, 2013.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história: A história hoje em dia. 2.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
FONTANA, Josep. História: Análise do passado e projeto
social. 1 ed. Edusc, 1998.